Macetando o "Acampacalipse"
É de conhecimento até das lagartixas,
baratas, lesmas e outros animais que vivem nos cantinhos mais obscuros das
casas, que estão rolando ondas de calor sem precedentes nos últimos meses. Eu,
que particularmente nunca tive muita sensibilidade ao calor, comecei a
estranhar a quantidade de dias dormindo sem nenhum lençol, algo que fazia a
cada ano bissexto. E às vezes de janela aberta, ainda mais raro. E agora, de
maneira inédita, de ambas formas, e com ventilador ligado.
Em 13/11/23, levei minha mãe para
uma consulta, pela hora do almoço. Ela relata ter sido o dia mais desagradável que já passou por conta de calor, em suas 8 décadas de vida.
Nesse dia, a temperatura máxima chegou aos 37,4 graus. Também é notório que
dias com temperaturas acima dos 30 graus são raros no ano, acontecendo em sua maioria
no verão, de dezembro a março, meses cuja média das temperaturas máximas, é inferior
a 29 graus. Mas como diria Galvão Bueno, sobre dias acima dos 30 nos últimos
meses: “Virou passeio!” E dias acima dos 35, antes raríssimos e sinônimos de
quebra de recordes, estão ficando cada vez mais comuns.
Dado esse contexto, de verão de 6
meses em pleno clima subtropical da cidade de São Paulo, fiquei curioso em
procurar nos dados de temperatura da Climatempo na página Somar Meteorologia. Sem maiores pretensões,
apenas para ver se dados empíricos corroboram esses sentimentos de “calor da moléstia”.
http://somarmeteorologia.com.br/security/defesa_civil/mapas.php
Sim, confirmam e muito! Que estamos
na frigideira do capiroto, colocada na boca do fogão acesa, sem aviso prévio. Fiquei
surpreso ao constatar, que DESDE ABRIL DE 2023, não teve um mês cuja média, tanto
das temperaturas mínimas, quanto das temperaturas máximas, não é menor ou igual
à média climatológica histórica esperada para cada mês. ESTAMOS CAMINHANDO PARA 12 MESES CONSECUTIVOS,
COM AS MÉDIAS DAS TEMPERATURAS MÍNIMAS E MÁXIMAS ACIMA DA MÉDIA CLIMATOLÓGICA.
E contando. Gostaria de ter essa estatística, mas creio que isso nunca
aconteceu antes em toda história de registros climatológicos da cidade de São
Paulo.
E não é um “acima da média”
qualquer! Em média, as temperaturas mínimas estiveram 2,0 graus maiores que a
média histórica, e as máximas 2,1 graus maiores. E não é só isso: em alguns
meses as discrepâncias foram do jeitinho que Mefistófeles gosta. Em setembro último,
a média das temperaturas máximas foi de inacreditáveis 5,6 graus acima da média
(30 x 24,4). Em dezembro, 3,4 graus acima da média (31 x 27,6). Agora em março
de 2024, 3 graus acima da média (31 x 28) e contando, porque o mês ainda está
na metade e a onda de calor, idem.
A média das temperaturas mínimas
tem ficado muito acima também, inversamente proporcional a frequência com que
usamos nossos agasalhos, que já quase não tem mais utilidade. Destaque para 3 meses do inverno/primavera do último ano: em
agosto (16 X 13,1), setembro (18 x 14,4) e novembro (20 X 17,3). Respectivamente, 2,9, 3,6 e 2,7 acima das
médias históricas.
Também é digno de atenção que o mês de Janeiro, dentre os últimos meses, foi um dos menos desconfortáveis. E isso se reflete nos dados de temperatura do mês, que foi o menos anômalo dentre os últimos temperatura média das mínimas (20 x 19,3) e máximas (29 x 28,2) ficou respectivamente, apenas 0,7 e 0,8 acima da média climatológica. E ficar próximo das duas médias, significa que houve dias mais "fresquinhos" para que isso acontecesse. E esses dias estão escassos nos últimos 7 meses.
É... pelo andar da carruagem, vamos
mesmo ter que torcer pra Veveta macetar o “acampacalipses”!
https://www.youtube.com/watch?v=oQQ7fj1kiIE
Abaixo os prints que tirei dos dados da Climatempo obtidos na página da Somar Meteorologia (com alguma arte incorporada, porque afinal de contas é PPA).
Mais sobre o tema:
Nenhum comentário:
Postar um comentário