PPA também é Cultura! "IFAN ou IPAN"?
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13/09/2012
às 15:56 \ ConsultórioEstá certo chamar o IPHAN de ‘Ifan’?
“Caro Sérgio, sempre que vejo reportagens sobre institutos históricos, que são responsáveis pelos patrimônios de seus locais como IPHAEP (que é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba, meu estado) ou IPHAN, que é nacional, ouço e não concordo com as pronúncias ‘Ifaep’ e ‘Ifan’, em que se pronuncia o ‘ph’ como ‘f’. Isso está correto, devo me resignar e aceitar essa pronúncia?” (Antonio G. Enedino)
A boa questão trazida por Antonio é tão antiga quanto controversa, uma fonte de discórdia que provavelmente vai durar enquanto houver língua portuguesa – ou institutos do patrimônio histórico.
Normalmente, quando dirigida a professores de português, tal consulta tem como resposta uma condenação sumária da pronúncia “Ifan” – que não é dominante apenas nas “reportagens” citadas por Antonio, mas, segundo consta, entre os próprios profissionais do patrimônio histórico. Para a maioria dos consultores, o correto seria “Ipan”. É o que se vê, por exemplo, no veredito de um site como o português Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: “O acrónimo IPHAN deve ler-se com a oclusiva surda [p], dado que o dígrafo ph não existe como tal na actual sincronia”. Professores brasileiros costumam ir na mesma direção.
Na minha opinião, os que condenam a pronúncia “Ifan” cometem dois erros. O primeiro é o de desprezar, como se fosse um dado irrelevante, a prosódia consagrada por gerações de falantes: você conhece alguém que chame o IPHAN de “Ipan”? O segundo é o de supor que a simples abolição do dígrafo ph na reforma ortográfica de 1911 em Portugal – e de 1931 no Brasil – baste para reger questões de pronúncia num ambiente infestado de marcas registradas de uso corrente como iPhone, Philips e Phebo e no qual ainda não é incomum, sobretudo em cidades do interior, encontrar uma drogaria do tempo de nossos avós que conserva o nome de “Pharmacia”.
O ph tem raízes tão fundas no português, na forma histórica de vocábulos como “phosphoro” e, curiosamente, “orthographia”, que o poeta Fernando Pessoa, entre outros intelectuais, pregou a desobediência civil à reforma de 1911. O fim do ph o enojava. Sua revolta não teve muitos seguidores, o que é natural, mas nos ajuda a compreender que o espírito de uma língua jamais caberá na moldura ortográfica do momento, mesmo porque nenhuma lei pode regular questões de pronúncia. Para isso, claro, é preciso ter respeito aos falantes, ouvidos desimpedidos de preconceitos – ou, no mínimo, uma boa dose de resignação, que é o que recomendo a Antonio.
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Depois de tudo isso só tenho a dizer uma coisa: "Condefat"...
Como eu me sinto quando...
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Expectativa:
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Na ida:
Na volta:
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4 Comentários
No caso em apreço (IPHAN), por se tratar de um acrónimo (palavra formada pelas letras ou sílabas iniciais de palavras sucessivas de uma locução) o (PH), ainda que não tivesse sido abolido em 1931, não se trata de um fonema, posto que não substitui o som do (F) na estrutura do acrónimo, pois se assim fosse, como bem exemplificou nosso amigo PLINIO, teríamos Instituto do FATRIMÔNIO Histórico e Artístico Nacional, ao invés de PATRIMÔNIO.
Com todo respeito a opinião de Sérgio Rodrigues, penso que esse negócio de “raízes fundas do português” , “desobediência de Fernando Pessoa” e “ouvidos desimpedidos de preconceitos” é puro saudosismo. Estamos em pleno Séc. XXI, e entendo que a nossa língua pátria (o português) deve ser ensinado, escrito, lido e pronunciado de forma corretíssima, em consonância com as regras e normas vigentes.
Por fim, quando utilizarmos o acrónimo (IPHAN) para nos referirmos ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sem dúvida alguma a pronúncia corretíssima e irretocável há de ser (IPAN).